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Regularização de fertilizantes minerais, orgânicos e organominerais: entenda as diferenças

O mercado de fertilizantes no Brasil é um dos mais importantes do mundo e vem crescendo com a diversificação de produtos e fontes de nutrientes. Mas, para que qualquer fertilizante possa ser fabricado, importado ou comercializado legalmente, ele precisa estar devidamente regularizado junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).

Embora o processo de registro siga princípios semelhantes, os requisitos variam conforme o tipo de fertilizante, mineral, orgânico ou organomineral.
Neste artigo, explicamos as diferenças entre essas categorias e o que muda na regularização de cada uma.

1. O que é a regularização de fertilizantes

A regularização é o processo de registro do produto e do estabelecimento fabricante, importador ou fracionador junto ao MAPA.
O objetivo é garantir que o fertilizante atenda aos padrões de qualidade, segurança e composição química estabelecidos pela legislação, assegurando ao produtor rural um insumo eficaz e seguro para uso agrícola.

As regras estão descritas principalmente no Decreto nº 4.954/2004 e na Instrução Normativa nº 61/2020, que definem os tipos de fertilizantes, as exigências para registro e os limites de tolerância nas análises laboratoriais.

2. Fertilizantes minerais

O que são

Os fertilizantes minerais (ou inorgânicos) são obtidos por meio de processos industriais ou extração mineral. São compostos por sais e minerais que fornecem nutrientes essenciais como nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), conhecidos como macronutrientes primários.

Regularização junto ao MAPA

Para registrar um fertilizante mineral, o requerente deve apresentar:

  • Formulário de registro de produto via sistema SIPEAGRO;

  • Composição garantida (teores de nutrientes declarados);

  • Método de fabricação e matérias-primas utilizadas;

  • Laudo de análise laboratorial, emitido por laboratório reconhecido pelo MAPA;

  • Rótulo e instruções de uso conforme exigências legais;

  • Responsável técnico habilitado (geralmente engenheiro agrônomo ou químico).

Após a análise técnica, o produto é inscrito no Registro de Produto (RP) e o estabelecimento precisa possuir o Registro de Estabelecimento (RE) ativo.

Pontos de atenção

  • Fertilizantes minerais requerem comprovação da pureza e solubilidade dos nutrientes.

  • O MAPA exige tolerâncias rigorosas para os teores declarados, com base em análises oficiais.

3. Fertilizantes orgânicos

O que são

São produtos que resultam da transformação de matérias-primas de origem animal ou vegetal, como esterco, restos de culturas, compostos e resíduos agroindustriais. Fornecem nutrientes e melhoram as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.

Regularização junto ao MAPA

Para registrar um fertilizante orgânico, o processo inclui:

  • Descrição detalhada das matérias-primas utilizadas;

  • Memorial descritivo do processo de compostagem ou tratamento biológico;

  • Laudo de análise de macro e micronutrientes, além de parâmetros sanitários (ausência de patógenos e metais pesados);

  • Rótulo e instruções de aplicação;

  • Comprovação da origem dos resíduos utilizados como insumo.

O produto deve estar conforme as especificações da IN nº 61/2020 e IN nº 25/2009, que tratam dos fertilizantes orgânicos simples, compostos e mistos.

Pontos de atenção

  • É obrigatória a garantia da estabilização da matéria orgânica, evitando odores e riscos sanitários.

  • Produtos à base de resíduos animais ou lodos devem comprovar ausência de patógenos.

4. Fertilizantes organominerais

O que são

Os organominerais combinam fontes minerais e orgânicas, unindo a liberação rápida dos nutrientes minerais à melhoria da estrutura e da microbiologia do solo proporcionada pela matéria orgânica.

São cada vez mais usados em sistemas agrícolas sustentáveis, com excelente custo-benefício e potencial de valorização ambiental.

Regularização junto ao MAPA

O processo de registro de fertilizantes organominerais requer:

  • Comprovação da origem e qualidade dos componentes orgânicos e minerais;

  • Laudo analítico completo, com teores de nutrientes totais e disponíveis;

  • Memorial descritivo do processo de mistura e granulação;

  • Controle de umidade, pH e estabilidade do produto final;

  • Responsável técnico habilitado e estrutura fabril regularizada.

A classificação (organomineral simples, misto ou composto) influencia nas exigências técnicas e no enquadramento legal.

Pontos de atenção

  • Exige controle rigoroso de uniformidade e homogeneidade da mistura;

  • É necessário garantir que os teores minerais não sejam diluídos além dos limites permitidos.

5. Principais diferenças entre os tipos de fertilizantes

Tipo

Origem

Principais nutrientes

Regulamentação principal

Exigências laboratoriais

Mineral

Inorgânica (rochas, sais)

N, P, K e micronutrientes

IN nº 61/2020

Teores e solubilidade

Orgânico

Animal e vegetal

N, P, K orgânicos e matéria orgânica

IN nº 25/2009

Nutrientes e ausência de patógenos

Organomineral

Mista (orgânica + mineral)

Nutrientes minerais e matéria orgânica

IN nº 61/2020

Composição total e estabilidade


6. A importância da consultoria técnica no processo de registro

A regularização de fertilizantes exige documentos técnicos detalhados, análises laboratoriais confiáveis e conformidade com normas específicas.
Erros em qualquer etapa podem resultar em indeferimento do registro ou penalidades administrativas.

A Lignum Consultoria e Engenharia atua há mais de 15 anos no setor, auxiliando empresas na regularização de fertilizantes minerais, orgânicos e organominerais junto ao MAPA. Oferecemos suporte completo desde a elaboração do memorial descritivo e layout fabril, até o protocolo e acompanhamento do processo no SIPEAGRO.

Nosso objetivo é garantir que o seu produto atenda plenamente às exigências legais e possa ser comercializado com segurança e credibilidade no mercado nacional.

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Como a Legislação Acompanha a Inovação no Setor de Fertilizantes

Nos últimos anos, o setor de fertilizantes no Brasil tem passado por um processo acelerado de inovação. O avanço tecnológico trouxe ao mercado novas fórmulas, ingredientes diferenciados, bioativos, processos mais sustentáveis e produtos com desempenho superior. Em meio a tantas transformações, uma dúvida comum entre empresas e fabricantes é: a legislação brasileira está preparada para acompanhar essa evolução?

A resposta exige análise. O cenário regulatório, embora baseado em normas técnicas já consolidadas, vem buscando se adaptar gradualmente às novas demandas do setor. Neste artigo, explicamos como isso acontece, quais são os desafios e como empresas que desejam inovar podem contar com o apoio técnico certo para navegar nesse processo.

Inovações que estão transformando o setor

A indústria de fertilizantes não se resume mais aos produtos minerais tradicionais. Hoje, temos uma ampla variedade de soluções que incluem fertilizantes organominerais, biofertilizantes, condicionadores de solo, produtos com liberação lenta ou controlada, além de aditivos e tecnologias embarcadas que favorecem a absorção e o aproveitamento dos nutrientes pelas plantas.

Essas inovações vêm de diferentes frentes: universidades, startups, centros de pesquisa e da própria demanda dos agricultores por soluções mais eficientes e sustentáveis. A aplicação de microrganismos benéficos, nanomateriais, compostos orgânicos e matérias-primas alternativas é cada vez mais comum e impulsiona a necessidade de uma legislação capaz de reconhecer e enquadrar esses produtos corretamente.

Como a legislação trata produtos inovadores

O principal instrumento regulatório do setor ainda é o Decreto nº 4.954/2004, que regulamenta a Lei dos Fertilizantes (Lei nº 6.894/1980). Esse decreto estabelece regras para o registro de produtos, rotulagem, responsabilidade técnica, classificação de risco e regularização dos estabelecimentos produtores, importadores ou comercializadores.

Além disso, há diversas Instruções Normativas (INs) do MAPA que detalham os critérios técnicos, como a IN nº 61/2020, que trata dos fertilizantes, corretivos, inoculantes e condicionadores. Essas normas estabelecem os parâmetros mínimos para os produtos, como concentração de nutrientes, formulação e categorias admitidas.

Porém, quando o produto não se encaixa perfeitamente nessas categorias tradicionais, o processo se torna mais complexo. É comum que empresas com tecnologias inéditas encontrem dificuldade para classificar corretamente seu fertilizante, o que pode atrasar ou até inviabilizar o registro se não houver fundamentação técnica adequada.

O papel da análise técnica e da CTNFert

Apesar da rigidez normativa, o Ministério da Agricultura reconhece que a ciência e o mercado evoluem mais rápido que a legislação. Por isso, existe uma abertura regulatória para análise técnica de casos específicos. Produtos que fogem do padrão podem ser submetidos à avaliação mediante apresentação de estudos, comprovações de eficácia agronômica e segurança ao meio ambiente e à saúde humana.

Nessa etapa, é comum o envolvimento da Câmara Temática Nacional de Fertilizantes (CTNFert), formada por especialistas do setor público e privado. Ela contribui com a análise técnica, propõe revisões nas normas vigentes e apoia o MAPA na tomada de decisões sobre produtos inovadores.

Além disso, o próprio MAPA já sinalizou nos últimos anos o interesse em atualizar a legislação de forma mais dinâmica, com consultas públicas, reformulações de Instruções Normativas e fortalecimento do marco legal para bioinsumos, um dos setores que mais cresce dentro do segmento.

Como a Lignum pode ajudar sua empresa a inovar com segurança

Nesse cenário de transformação, é fundamental que empresas que desenvolvem ou comercializam fertilizantes inovadores tenham apoio técnico especializado. A Lignum Consultoria e Engenharia atua justamente na interface entre a inovação e a conformidade regulatória.

Nossa equipe auxilia na interpretação da legislação vigente, no enquadramento correto do produto, na preparação de toda a documentação técnica para registro e no relacionamento com o MAPA, garantindo que o processo ocorra com agilidade, segurança e menor risco de indeferimentos.

Também apoiamos empresas no desenvolvimento de rótulos, fichas técnicas, memorial descritivo, e na regularização completa do estabelecimento, seja ele voltado à produção, importação ou comercialização. Tudo com base nas exigências mais atualizadas e com foco em permitir que a inovação chegue ao mercado de forma legal e eficiente.

 

Leia Também: A importância dos fertilizantes na agricultura brasileira e os desafios da importação e exportação.

 Lignum Consultoria e Engenharia trabalha auxiliando no Processo de Regularização de Fertilizantes.

Entre em contato conosco!

 

 

Fonte:

·         Ministério da Agricultura e Pecuária